- Área: 330 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:JAG studio
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Fabricantes: Briggs, IPAC, MASISSA, PELIKAN, Pinót
Descrição enviada pela equipe de projeto. A encomenda vem de nosso pai, um homem de setenta e poucos anos que aprendeu a apreciar a solidão com um bom café e a sentir-se realizado quando pode compartilhá-lo; propõe-se um complexo rural com 4 casas independentes, mas com espaços comuns, acrescenta-se ainda, antecipando seus netos, áreas versáteis e progressivas; ele vai chamar esta vila pelo nome do amor da sua vida, Carmela.
O local responde ao que foi idealizado pelo cliente, um terreno com 1000 m2, de perfil irregular e topografia favorável, localizado no encontro de um arroio com o rio e próximo de frondosos bosques de pinheiros e eucaliptos, no meio de um estreito vale nos arredores da cidade, bem onde a cordilheira se curva para dar lugar ao sol da tarde.
A disposição dos volumes garante o programa e se acomoda ao contorno irregular do terreno, a casa do avô dobra-se paralelamente ao arroio e, isoladas por um vazio central que mais tarde chamaremos de pátio comum, estão dispostas lado a lado e paralelas a via pública, as casas de seus três filhos.
Para resolver este antagônico programa, lançamos mão de um recurso que já havíamos utilizado em outros projetos, o pátio, entendido como um vazio com capacidade de ligar ou desligar os espaços interiores aos quais é devido.
São propostos três tipos de pátios com características e intenções particulares; o privativo, presente em cada unidade, cercado pela alvenaria ou paisagem em três lados e projetado para o espaço pessoal por apenas um de seus planos; o pátio comum, gerado pelos volumes, com 2 planos paralelos primeiro e tangentes a seguir, projetado para a paisagem, planos onde foram dispostas aberturas discretas que prudentemente as ancoram ao espaço privativo; e, o mais modesto dos pátios, mas essencial, um pequeno vazio anexo ao pátio comum e no eixo geométrico do projeto, com três planos dividindo espaço com a casa do avô e, apenas um disposto em direção ao centro, o pátio do café, o local comum onde a família se reunirá.
A construção deve ser impecável e, juntamente com o programa, sustentar a progressividade; na vila são utilizados materiais que têm caracterizado o nosso trabalho, concreto aparente, aço e tijolo cerâmico artesanal sem reboco, sempre fiel à nossa filosofia que promove a honestidade do material como recurso formal; uma base de concreto sobre o qual se dispõe a alvenaria branca com texturas imperfeitas, depois encimados por pesadas lajes de concreto ou, telhados leves e sem beiral, os vazios são ocupados por serralherias de aço e os nichos preenchidos por fina marcenaria.
A casa do avô, com todos por perto quando quiserem, como antes, mas com espaços individuais onde podem retirar-se no fim do dia; quatro casas que conversam sem discutir, articuladas e separadas pelo mesmo recurso.